terça-feira, 30 de julho de 2013

TRAVESSIA ALCATRAZES-SÃO SEBASTIÃO


Vagner Tadeu de Oliveira, mais conhecido como VTO, um dia nadando na academia ao meu lado, me convidou para uma tarefa um tanto inusitada: participar de uma travessia natatória, que sairia do Arquipélago de Alcatrazes até o continente, na cidade de São Sebastião, litoral de São Paulo.
O percurso de 50 km nem parecia muito, mas o difícil mesmo seria nadar a noite toda em alto mar. Fiquei com a dopamina atiçada, como dizem e aceitei sem pestanejar.
Vagner sempre esteve ao meu lado nos treinos extenuantes para as provas de Ironman, então, achou que eu seria um bom candidato para fazer parte da equipe Atlantis de São Bernardo do Campo, onde outros oito nadadores treinavam até então. Depois de algumas reuniões na Atlantis, fui escolhido para fazer parte do time.
A largada aconteceu às 21:00 hs, do dia 2 de Abril de 2002, na área protegida do Arquipélago de Alcatrazes. O percurso foi em revezamento de uma hora para cada nadador. O primeiro a cair na água foi o nadador Celso Savioli. A minha primeira participação foi exatamente a meia noite. Já não estava muito bem, pois estava sentindo náuseas por causa do movimento do mar que estava agitadíssimo. A nossa escuna estava vivendo um verdadeiro frenesi, subindo a proa tão alto que parecíamos estar dentro de um barco vicking. Foi um alivio ao cair na água. Celso estava me dando apoio, inclusive para vestir a roupa de borracha, necessária para nos proteger das aguas vivas naquela época do ano.
Era o Dia Mundial da Saúde e o slogan era: "acumule pelo menos 30 minutos de atividade física por dia". A diferença é que cada 30 minutos das nossas braçadas pelo canal de São Sebastião, equivaliam a horas de qualquer treino extenuante.

Para nos acompanhar havia uma estrutura incrível: duas escunas e dois barcos. Um na frente com luz de estrobo para nos guiar, com Vicente Albanez no comando.
 A equipe de nove nadadores, oito homens e uma mulher, concluiu o percurso depois de 14 horas de muita ação e determinação, na praia do Trabalhador, em São Sebastião, onde fomos recepcionados por autoridades locais. Fausto Pires de Campos, na época responsável pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, nos acompanhou o percurso todo, dentro da escuna. A noite, naquela chegada triunfal, fomos recebidos num restaurante para um jantar maravilhoso, discursos e entrega de trofeus aos nadadores.
Foi realmente uma festa que marcou profundamente.

terça-feira, 23 de julho de 2013

MARATONA

Rio de Janeiro 1993
Percorrer uma maratona, 42 quilômetros e mais 195 metros, definitivamente não é para qualquer um. É preciso muita dedicação, concentração e tempo para treinar os quase 2000 quilômetros necessários para o treinamento da mesma, durante um período de 6 meses. É uma verdadeira odisséia!
Você tem que deixar de lado várias coisas do seu dia a dia, inclusive a família, que fica  esperando você terminar um dos treinos longos, para só depois usufruir de um almoço, passeio ou outro evento social nos finais de semana.
Mas, quando se corre uma prova de corrida curta, o que vem logo a seguir é a vontade de correr mais uma prova e assim por diante até que um pensamento toma conta da sua cabeça: será que eu consigo correr uma prova mais longa?
Blumenau 1999
Esta pergunta interior faz com que você receba uma dose de impulsos elétricos cutucando seu cérebro e fazendo com que se auto desafie.
De uma corridinha de 5 km, você quer da próxima, ir para uma de 10 km, e assim sucessivamente até chegar ao desafio de uma maratona!

 O nosso cérebro é uma coisa maluca, nunca iremos entender por mais que se reflita sobre o assunto. E aqueles que não conseguem ficar só com uma maratona e já querem logo uma a cada semestre? Achou louco? Então imagine o que dizer daquelas pessoas que querem correr as ultramaratonas? Provas que chegam a 300km de distancia. Não é insano mesmo?. As vezes, mas tudo é possível, desde que se tenha condições para tal.



Curitiba 2002

Como disse anteriormente, tempo, disposição, renda e com muita dedicação, voce chega lá.
Em 1993 corri minha primeira maratona na cidade do Rio de Janeiro. Naquela época, as maratonas estavam no auge por causa da maratona mais famosa do mundo, a de Nova York. Era uma verdadeira neurose a quantidade de pessoas tentando o sonho de completar uma maratona. E foi nesta época também que as corridas de rua no Brasil ganharam força, e hoje se tornaram uma febre entre os brasileiros. Ainda bem não é?
Tenho sempre alguém querendo treinar para alguma prova e geralmente começam com uma de 5km para depois seguirem firmes nos mais diversos propósitos pessoais.
Entre tantas corridas que fiz, já perdi as contas, mas são 44 maratonas em meu curriculum. E para cada uma, treinei em média 2.000km. Faça as contas de quantas voltas ao mundo já realizei então. Lembrando que cada volta no globo terrestre é de 40.000 quilômetros, uma distancia e tanto. No ano que vem, pretendo correr mais uma, totalizando 45 maratonas.
Ah, o local é Mendoça, na Argentina. Vamos?
São Paulo 2004


domingo, 21 de julho de 2013

ACONCAGUA

Desde que conheci o mundo da aventura, minha cabeça seguia firme no propósito de escalar uma alta montanha. O Aconcágua era meu mais desafiador objetivo naquele ano de 2004. Para isso, precisava treinar por vários lugares com elevações possíveis, aqui no Brasil. Serra fina, Itatiaia, Monte Verde, foram alguns dos lugares onde me dediquei ao treinamento para o desafio que seria o Aconcágua!



Naquele período, eu já havia corrido provas de maratona, travessias longas de natação e 3 provas de Ironman. Eu achava então, que estava mais do que preparado para enfrentar o desafio de escalar a montanha mais alta das Américas, com 6.962 metros de altitude.
Um mundo inimaginável para mim, até que, chegando lá pude entender o que realmente significava estar nas alturas. Falta de oxigênio, noites mal dormidas, terreno que exige o máximo de esforço físico e mental, faz com que você se sinta minusculo diante daquela natureza selvagem e esplendida.
Nesta aventura, estavam comigo os amigos Rodrigo e Venâncio, dos quais, somente o primeiro já havia estado lá. Eu e o Venâncio eramos montanhistas de primeira viagem.
Quando cheguei ao campo base Plaza Argentina, a 4200 metros de altitude, não sabia avaliar racionalmente o quanto aquela montanha era alta, imponente, desafiando quem se aproximasse dos seus flancos.
Depois de três dias de aclimatação e aproximação, ficamos um dia inteiro no campo base descansando para enfim partimos para nosso próximo teste, o campo 1 avançado. Ali sim iria de fato começar a escalada. Ao chegarmos ao campo 1, levando parte de nossos suprimentos e barracas, retornamos ao campo base para recuperação do organismo. Senti um pouco de dor de cabeça lá em cima, nada além. Meus amigos ficaram um pouco mais debilitados, mas estávamos na "segurança" do campo base. Passamos pelo posto médico para avaliarmos nosso aporte de oxigênio no sangue e voltamos para nossas barracas para comer e descansar.
Ao lado, havia uma barraca de apoio do Daniel Lopez Expediociones, onde pudemos obter água quente, suco e a especial atenção do Daniel, um argentino, guia de montanha muito gente fina.

Como nosso corpos ainda não estavam preparados para a sequência da subida, ficamos mais alguns dias em recuperação até que o médico do campo base nos desse o sinal verde para nossa escalada. Nessas alturas eu já estava com o saco na lua. Minha cabeça começou a martelar com lembranças do meu filho Gabriel que na época tinha pouco menos de 4 anos. Não conseguia me concentrar. Fui desanimando literalmente. Procurei um guarda parque na esperança de poder voltar para o inicio da trilha e ir embora daquele sofrimento. Já não era mais diversão, estava se tornando um verdadeiro martírio.
O Daniel ainda me disse algo que ficou marcado para sempre na minha cabeça: quando se vai para a montanha, tranca-se a porta de casa e não pensa mais naquele lugar, deixando sua cabeça somente com você, pois irá precisar muito dela em momentos cruciais.
Mas meu sofrimento estava chegando ao fim naquela temporada. Meus amigos resolveram escalar rumo aos campos superiores e tentar o cume na melhor oportunidade que encontrassem. Eu retornei a Mendoça e na manhã seguinte estava embarcando para o Brasil, de volta para minha casa, de volta para meu filho Gabriel. No retorno ainda pensei se não havia exagerado na minha decisão. Afinal, não chegar ao cume da montanha mais alta das Américas foi uma frustração e tanto. Só me restava me preparar mais psicologicamente e quem sabe retornar um dia!

Assita ao video: http://youtu.be/bDpNhxiZa9E
  

sábado, 20 de julho de 2013

IRONMAN



Africa do Sul - 2000
Triathlon Ironman foi desenvolvido no Hawaii por alguns atletas que queriam mostrar, ou provar a importância de cada modalidade. Cada um concluía que a sua modalidade tinha maior importância individual. Para amenizar a briga, um deles resolveu juntar as três modalidades, natação, ciclismo e corrida em um só esporte: o Ironman, a prova mais extenuante do planeta, com 3,8km de natação, 180km de ciclismo e 42km de corrida.
Participei de três dessas provas: o 1º nas Ilhas Canaria-Espanha, o 2º em Porto Seguro-Brasil e o 3º na Cidade do Cabo-África do Sul.

Espanha 1995
Foram experiências magnificas e que me deram muitas alegrias e condições para que eu pudesse passar aos meus atletas muitas informações uteis com relação aos treinamentos para essa modalidade.
Treinar para participar de um Ironman vai muito além de qualquer outro tipo de treinamento, precisamos que nosso corpo se adapte a todas as condições de stress possíveis. Talvez o mais difícil seja trabalhar a mente para uma prova dessa envergadura. os treinos são longos, requer muita disciplina e disposição para aguentar vários quilômetros de agua, asfalto e terra.
Na minha preparação para o Ironman da Espanha, cheguei a treinar 8 horas/dia.
Isso acontecia debaixo de sol, temporal ou qualquer tipo de clima. Treinos com mais de 100km de bike seguidos por 20 de corrida. Haja cabeça!!!
E você? Está preparado para treinar?

Brasil 1998