terça-feira, 22 de outubro de 2013

UM NOVO TALENTO NO BIATHLON

Depois de tantos anos competindo por vários lugares do Brasil e exterior, nunca saiu da minha cabeça que seria um bom técnico esportivo.
Fui técnico de excelentes equipes de natação, ciclismo, triathlon, corridas, entre outras modalidades. Formar um campeão porém, é sonho de muitos técnicos e o meu não foge a regra. Tantos atletas realizaram meus treinos, se dedicando para conseguir ser um verdadeiro campeão, mas encontraram algumas dificuldades ao longo de suas vidas e não conseguiram se destacar no meio esportivo. Com excessão de alguns, a maioria realizou o sonho de correr, nadar, pedalar. Só isso bastou para que a maioria dos meus atletas adquirissem verdadeira paixão pelo esporte, além, é claro, de manter a saúde em dia!
Por motivos de tempo e trabalho, há muito deixei de praticar as provas de triatlo. O tempo gasto para pedalar longas distancias consumiam momentos preciosos da minha vida. Uma coisa era e é certa, deixar de ser o que sempre fui, jamais. O sonho nunca pode ser apagado da sua mente. O tempo enruga a pele, e deixar de fazer o que você mais gosta, enruga a alma.

Se as provas não podiam ser longas, como o Iroman, por exemplo, optei por correr provas mais curtas. E o biathlon caiu como uma luva em minha vida de atleta. Com esta modalidade podia treinar em tempo mais reduzido e com um detalhe, somente natação e corrida. Nado três vezes por semana, 6km em média, e corro, também três vezes, não mais que 18km totais.
As provas de biathlon são realizadas agora, em várias cidades da região, possibilitando a você a escolha, de em que prova irá participar.

No ano passado, por exemplo, corri o campeonato em Santos, no SP Open de biathlon, a prova mais importante do Brasil, a que dá referencia as demais provas por aí. O mais importante, você corre na sua categoria de idade e obviamente, cada categoria apresenta um grau de exigência de acordo com cada idade. A minha, 50/54 anos, torna-se mais confortável, porem, nada impede que você corra a prova mais forte, e dai tentar ser o melhor em todas as categorias.

Agora, no inicio deste ano, um escoteiro muito dedicado, que fazia parte da Tropa Senior, resolveu treinar para uma modalidade esportiva. Sugeri a ele que começasse a correr, pois tem um biótipo fantástico para a modalidade. Ele me ouviu e começou  logo a treinar. Já no inicio percebi e vi que ele era muito dedicado nos treinos. É uma característica dele mesmo. É muito forte e teimoso, aliás, é assim que eu gosto de treinar um atleta, tem que ser teimoso ou pelo menos tentar ser.

Lucas Neves é um exemplo de atleta, depois de ter começado os treinamentos, quis imediatamente treinar para o biathlon, do qual já estava na cabeça dele, o da cidade de Santos, é claro.
Começamos também a natação, com treinos adequados. Daí foi só polir, encaixar as transições; treinos de natação combinados com os de corrida e colher os frutos plantados com dedicação!
A prova em Santos, a terceira etapa, aconteceu no dia 24 de agosto e foi marcada por um tempo ruim, com muito vento, mar grosso e uma garoa que ia molhando devagar, até chegar nos ossos.
Eu estava preocupado, pois o Neves nunca havia nadado no mar, era sua estreia. O que me confortou foi saber da sua força de vontade, isso me deu tranquilidade. A largada aconteceu na hora certa e a bateria dele largou forte, como sempre. Depois de alguns minutos de prova, via atletas abandonando a prova pelo mar agitado. Pensei, caramba, será que ele vai conseguir?
Mas foi só um pensamento isolado. Demorou exatos 13 minutos para nadar os 750 metros de mar agitado. Saiu da água com cara de mal e foi para a corrida, etapa final da prova, para percorrer mais 5km, desta vez, onde ele mais dominava.
Esperei ansioso pela sua chegada. Tempo? 37'42'', com a merecida quarta colocação na categoria 17/19 anos. Estava exausto, mas feliz da vida, principalmente no podium, ao lado de atletas mais experientes. Retornamos a Indaiatuba, ele cansado e eu feliz da vida!
É mais um atleta sob minha responsabilidade, e sei que não vou nunca perde-lo de vista, mesmo porque agora é também muito mais meu amigo, Parabéns Lucas neves!!!!

terça-feira, 15 de outubro de 2013

PALESTRA EM ANDRADINA-SP


Me formei em Educação Física em Andradina, cidade localizada no noroeste de São Paulo, próximo a divisa com Mato Grosso do Sul. A cidade de Três lagoas, é a mais conhecida da região. O rio Paraná, um dos maiores rios do Brasil, divide as duas cidades, passando entre elas.
Terminei o curso em 1993, de lá para cá, passaram-se quase 20 anos! A saudade sempre grande e de muitas lembranças num período desses, nunca me fez esquecer dos momentos felizes que por lá passei. Tinha pouco, ou quase nenhum contato com os amigos que fiz naquela época. Mas um em especial, meu querido professor Fumagalli, apesar de pouquíssimos contatos, ainda continuava se correspondendo comigo.

Professor Fumagalli
Havíamos até marcado um encontro na faculdade alguns anos atrás, para eu ministrar uma palestra sobre esportes, mas não aconteceu.
E não é que dia desses recebi um e.mail do professor convidando-me para a dita palestra e que desta vez iria dar certo!
Na hora fiquei muito feliz, mas ao mesmo tempo receoso de que fosse mais uma vez dar em nada. O e.mail evoluiu, vieram outros e de repente recebi um da Profª Mônica, coordenadora do curso de esportes de aventura.
Pensei, bom agora acho que sai!
Marcamos tudo direitinho, inclusive um nome para a palestra. Me pediram a opinião para um título e eu escolhi "O Desenvolvimento do Esporte de Aventura no Brasil", para que os alunos, além de dados técnicos, pudessem ter ideia de como se desenvolvia essa modalidade no país.
Pedi então para minha mulher, Eliana, minha guia, musa e conselheira que me ajudasse a preparar um power point sobre o assunto. É claro, não precise fazer quase nada, pois ela preparou tudo com muito carinho!
Acertamos detalhes de data, passagens, e me preparei para rever meus amigos, a faculdade, e, acima de tudo, voltar. Voltar num lugar depois de 20 anos de ausência é, acreditem, muito emocionante!
A palestra aconteceu na segunda feira, dia 2 de setembro. Desde a minha chegada a Andradina até o último instante, foi só emoção. Nem mesmo as duas horas e meia de palestra me deixaram cansado, queria mais, poderia falar a noite toda se fosse possível, tamanha a felicidade em estar lá, onde me formei e que me fez o profissional que sou hoje.
Marcamos uma volta, desta vez não haverá empecilhos, pois foi lançado um projeto de corrida de aventura para os alunos realizarem sob a minha supervisão.
O retorno será em breve, para minha satisfação!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

MOUNTAIN BIKE

Era 1998, estava me preparando para competir o Ironman do Brasil, em Porto Seguro, na Bahia. Gostava de iniciar os preparativos dos treinos, principalmente o de ciclismo, pedalando em trilhas e estradas de terra, para fugir do stress das rodovias asfaltadas e com muito transito, barulho e perigo eminente.
Certo dia, pedalando com o Lauro, meu companheiro de treinos, ele me convidou para irmos pedalando até Monte Verde em Minas Gerais. Na hora, fiquei meio sem saber se ele estava falando sério ou brincando como sempre fazia. Achei uma loucura pedalar 200 quilômetros em apenas um dia. Mas como sempre gostei de desafios, topei na hora.
Juntaram-se a nós, Dirceu, Marcelo e Tito, meu compadre. Marcamos o dia e a hora da saída, que seria no final de setembro, às 5 horas da manhã. O dia nem havia clareado e já estávamos a postos em frente a casa do Lauro. Este, sempre era o último a se arrumar. Muito folgado o sujeito, rsrs. Enfim, saímos pela estrada do Quilombo até atingirmos Jundiaí, SP, depois seguimos pela rodovia D. Pedro até a entrada de Joanópolis, já bem próximos da Cachoeira dos Pretos. Neste ponto, marcado para ser os últimos quilômetros de montanha acima até chegar em Monte Verde.

Paramos no bar do seu Pedrão, conhecidissimo por preparar galinhada caipira para os viajantes que por lá passavam em caravana, rumo a Aparecida do Norte. No inicio era um precinho carinhoso e seu Pedrão pegava as danadas ainda no quintal, depois de uma pequena observada do cliente que a iria comer dali a poucos minutos. Com o passar do tempo, a procura se tornou uma constante e seu Pedrão, que não era bobo nem nada, viu um excelente comércio se descortinando em sua frente. A partir daí as galinhas caipiras foram super faturadas pelo velho mineiro que tirava um bom lucro com as penosas.


Bom, perguntamos ao seu pedrão quanto ainda faltava para chegarmos ao nosso destino. Com aquele seu jeitinho mineiro caracteristico, disse: "ah, só farta um cadinho sô". Faltavam ainda portanto, míseros 30 quilômetros. Era fácil, para quem já havia pedalado 170 quilômetros e ainda por cima, tínhamos mais 4 horas de luz diurna. Nos entreolhamos e todas as cabeças se moveram em afirmativo, ou seja, estava lançada a sorte, iriamos prosseguir naquele mesmo dia.

Nos despedimos do seu Pedrão, e o danado ainda teve as manhas de nos lembrar que era para tomarmos muito cuidado por causa das descidas fortes pelo caminho. Descidas? pensei. Eram verdadeiras ladeiras cheias de erosão com cascalho e pedras soltas. Um tombo ali seria o fim da linha para qualquer biker experiente.



Depois de uns 15 quilômetros a coisa começou a pegar. Já estávamos cansados, a noite já se anunciava devagarinho. De repente vi lá no alto uma construção que me pareceu ser a parte de trás de um hotel. É claro que o sarro comeu solto. Alegaram então que eu estava vendo miragem. Uns mais afoitos me disseram que estava ficando louco por causa dos quilômetros pedalados até ali. Mas um não deu nenhuma opinião; o Laurão estava se sentindo abatido e já soltava alguma coisa do tipo: "ah se passasse por aqui um carro ou uma carroça, pediria para o sujeito dar uma carona, mesmo que significasse pagar muito por aquilo". O Tito, meu compadre, tinha um estoque de comida no bolso da camisa de ciclismo e cedeu ao Lauro um punhado de uvas passas, o qual comeu avidamente.

Era final de setembro, não havia previsão de chuvas, mas subitamente começou a cair uma garoa fria para nosso desespero. Esfriou ainda mais. Minhas mãos começavam a congelar. Seguimos contornando o que parecia ser um morro. Caímos na estrada que liga Camanducaia a Monte Verde. Logo em seguida, estávamos em frente a um hotel, o Green Mountain. Entramos com tudo, nem perguntamos o preço. Com chalés típicos das moradias dos Alpes, ficamos extasiados quando o único sobrevivente daquelas paragens nos disse que havia vaga e o preço não era o absurdo que imaginávamos. Ficamos eufóricos. Só que ainda tinha uma ultima coisinha. A recepção do hotel era além de uma rampa monstruosa. Teríamos que ir até lá para o registro oficial de entrada. Foi uma doidura percorrer os últimos metros daquele chão. Estava escuro, frio e ainda caía aquela garoa fina.
Mas valeu a experiencia, se é que assim posso dizer: Foram 14 horas de pedaladas. Depois de tomado banho e colocado roupas quentes, fomos jantar uma comidinha mineira. E para comemorar, meus amigos tomaram 14 cervejas, uma para cada hora pedalada. foi uma verdadeira festa. Só se ouvia: John, trás mais uma geladinha!!
Dormimos como anjos. Uns ainda chegaram a delirar a noite na cama por causa do esforço empreendido na pedalada. Retornamos a Indaiatuba no dia seguinte. Detalhe: de carro!!


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

BIATHLON

Natação, ciclismo, corrida sempre foram atividades presentes em minha vida. Primeiro natação. Nadei em piscinas, rios, lagos, represas e mares. Um dia tudo seria substituído por ciclismo. então, pedalei distancias incríveis em treinos e provas. Subidas, descidas, planos e montanhas. Estava prisioneiro dos pedais. Minha primeira bike de competição adquiri em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, presente do querido amigo Roberto, proprietário de uma casa de materiais de construção naquela cidade . A partir de 1985 pedalei até 2007 sem parar. Daí em diante, comecei a vender minas bikes, não queria mais pedalar, correr riscos desnecessários em rodovias cada vez mais movimentadas. O biathlon então, caiu como uma luva.
Minha primeira prova de Biathlon foi na cidade de Assis. Fui campeão da prova. Corri mais algumas provas posteriormente, sempre sendo campeão na minha categoria.
O Biathlon é a combinação de duas provas: natação e corrida. No ano passado, 2012, fui campeão paulista na minha categoria e sétimo colocado na geral entre os amadores. Agora em 2013, ganhei a prova em Itu, SP e fui 2° colocado no 21° SP Open de Biathlon de Santos
Há 20 anos atrás, nascia o SP Open da modalidade, prova que até hoje tem sido sucesso entre os atletas que optam por nadar e correr.
No início deste ano, a prova de Santos sofreu uma mudança no percurso, passando a natação de 500 para 750 metros e a corrida de 3 para 5 quilômetros. Estas mudanças foram para que as distancias ficassem iguais aos da prova de triathlon short que é de: 750 m natação, 20 km ciclismo e 5 km de corrida.
Nas provas anteriores, meus tempos eram de 18 minutos total e agora, com o percurso mais longo, foram 34 minutos. Corri machucado, com uma inflamação no calcanhar. Foi muito dolorido e no final da prova, mal conseguia firmar o pé direito no chão. Mas serviu para que eu ficasse triste o suficiente para treinar mais forte para a próxima etapa!


AQUATHLON GUARUJÁ


Haviam se passado dois meses desde que corri minha última prova de biathlon em Santos. Estava bastante apreensivo por ter me machucado naquela etapa, o que me tirou dos treinamentos fortes durante todo esse tempo.
A prova do Aquathlon do Guarujá, neste final de semana, foi marcada por muita expectativa, pois ainda sentia muitas dores no calcanhar direito e quase não treinei corrida. Para compensar, procurei intensificar bastante a natação, pois pensei: "saindo bem da água, posso correr com um pouco mais de conforto".
Antes mesmo de iniciar a prova, ainda no aquecimento, senti dores no calcanhar, portanto tinha certeza que aquela, seria uma prova muito dura, ainda mais do que já é. Fiz o que pude para largar e estar bem na frente, como sempre. Para completar a difícil missão, o clima mudou repentinamente, devido a uma frente fria que entrou, deixando o mar bastante mexido.
Ondas altas quebravam logo depois das bóias, rolando forte em quatro cristas, deixando todos os competidores, principalmente as mulheres, de cabelos arrepiados. E não deu outra. Assim que deram a largada para as mulheres, 80%  não conseguiram ultrapassar as rebentações e tiveram que abandonar a prova, para total desespero das mesmas. Algumas mais afoitas, ainda conseguiram com muita luta, vencer os obstáculos e terminar o trecho de natação.
Em seguida, foi a nossa largada. Já nadei várias provas em mar e já tinha noção do que viria. Pensei: "para mim vai ser fácil, mas para quem não tem muita intimidade, o bicho vai pegar".
Todos prontos. Dedos no botão de start do cronometro. Foi dada a largada. Foi um verdadeiro alvoroço. Eu não sabia ao certo se nadava ou dava braçadas nas costas dos competidores ao meu lado, até a primeira boia. Depois, nadando de lado para as ondas, a cada sequência de braçadas, uma caia no vazio, e, consequentemente, em cima de alguém. Chegou a ser engraçada aquela situação, mas estava tirando proveito dela, por ter passado por muitas outras iguais. Quando saí da agua para a transição da corrida, estava entre os primeiros competidores.
Calcei o tênis. Nas primeiras passadas pensei que tudo iria dar errado, por causa da dor no calcanhar, mas foi uma mágica que aconteceu, pois não sentia nada. De qualquer maneira, não poderia correr forte, pois não havia treinado o suficiente para isso. Mas o meu senso de competição falou mais forte e, como eram apenas 3 quilômetros, corri forte o tempo todo, inclusive dando o máximo de mim próximo ao final.
O circuito da corrida foi bastante inusitado, com a primeira parte na areia da praia e a volta pelo calçadão, junto a orla marítima.
Estava me sentindo forte apesar de tudo. Acho que pelo fato de minha mulher Eliana estar me aguardando na chegada, fez com que eu corresse com mais afinco. Aliás, ela é meu grande incentivo, minha musa inspiradora, em todas as coisas, em todas as provas. Obrigada Linda, por todo apoio!
Cruzei a linha de chegada com o tempo de 20:52'', em primeiro lugar na minha categoria, 50/54, e 17° colocado na geral, para minha surpresa!
Foi sem dúvida uma prova daquelas que você nunca esquece, e vai sempre contar para seus amigos.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CANOA HAVAIANA

Em 2007, influenciado pela canoagem, fui convidado a participar de uma equipe de Canoa Havaiana em Peruíbe, SP.
Sempre fui fascinado por embarcações, e, ao ver de perto uma canoa havaiana, fiquei extasiado em pensar que iria remar aquela embarcação que só via na TV, em programas gravados no Hawaii. Ela era denominada OC6, por comportar 6 remadores, sendo o primeiro e o quinto, que são responsáveis pela propulsão/força da competição na estreita canoa.
Como sou um pouco mais forte, o técnico Remo, isso mesmo, um alemão com este nome, criado em Peruíbe, me encarregou desta função. ele era o sexto remador: o leme/direção da canoa.
Com aproximadamente 15 metros e pesando 100 quilos, não é fácil fazer uma canoa dessas navegar no limite da competição, por isso, os remadores ensaiam, além das técnicas, muita coordenação, que vem através das vozes em coro sincronizado durante a remada. Tudo tem que sair no ritmo. É muito legal e muito cansativo também.

Eu ia com frequência a Peruíbe para treinar com a equipe. Eram treinos puxados, exaustivos. O nosso local de treinamento foi o Rio Guaraú, porta de entrada para a Jureia. Um lugar lindíssimo, com muita vida animal, plantas e aves marinhas. Tudo isso como pano de fundo, amenizava um pouquinho nossos esforços. Nossos planos era tentar competir de igual para igual com as melhores equipes brasileiras nos Jogos Abertos daquele ano em Praia Grande, litoral de São Paulo.
Estava vivendo canoagem dia e noite. Durante a semana, treinava com caiaque oceânico aqui em Indaiatuba e nos finais de semana viajava para Peruíbe. Era uma loucura, mas prazeroso ao mesmo tempo. É muito interessante quando se faz algo que vem da alma, do fundo do coração, tudo parece não haver dificuldade.
Embora estivesse treinando com afinco, não sabia e nem tinha noção de como seria aquela primeira competição, ainda mais quando se trata de uma equipe de 6 remadores. Cada um reage de uma maneira e portanto é uma soma de tudo isso que faz com que se tenha sucesso ou não.

Quando chegou o grande dia, havia ido um dia antes para Peruíbe. Acordei cedo. Embalamos tudo e fomos para Cubatão, onde seria a largada da prova. Para falar a verdade não tinha noção do que se tratava, nem liguei muito para a situação, mas meus companheiros sabiam o que nos esperava e estavam bastante tensos. Uma vez lá, já dentro da água para nosso aquecimento, a adrenalina começou a tomar conta do corpo gradativamente. Aí foi só se posicionar e ouvir o tiro de largada, o que aconteceu logo em seguida. Mas eu já estava no clima e não foi tão difícil assim suportar as primeiras remadas sucessivas que se seguiram. Depois que o corpo entra em sintonia com a remada, tudo flui normalmente. Estávamos na frente, ou melhor, entre as quatro primeiras canoas. O Remo no leme, tinha como estar cobrando dos remadores, pois esta posição permite um pouco menos de força e mais de governo da canoa. Eu, que estava logo a sua frente, é que tinha que ouvir os gritos de: "mais forte, vamos, mais forte porra!" , que no fundo é um grande incentivo. Chegamos na metade do percurso depois de 10 quilômetros extenuantes. Já havia uma canoa mais adiantada na nossa frente e entre nós, mais duas, com espaços mínimos. A canoa que vinha logo atrás, em quinto colocado, não conseguia se aproximar mais. Estávamos pelo menos garantidos em quarto lugar. De repente nossa canoa sofre uma guinada para estibordo e eu, que estava atrás, fui literalmente expulso da canoa. Só consegui ouvir o Remo gritando: "homem na água, freia!!" A canoa que estava logo atrás tentou se aproveitar da situação aumentando o que podiam o seu ritmo. Finalmente consegui, com a ajuda dos amigos, subir rapidamente e trabalhar ainda mais forte, como um cavalo, para tentar manter, pelo menos, o que vinhamos fazendo até então. A rapaziada da canoa atrás não acreditava na nossa rapidez, não deixando-os nem mesmo se aproximar da gente. Dali em diante, as canoas que estavam na frente, aumentaram ainda mais a distancia, deixando-nos definitivamente até a chegada, em 4° colocado. Ficamos todos tristes, pois nos jogos oficiais, somente as três primeiras equipes sobem ao podium. Valeu a experiência!!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

EXPEDIÇÃO DE CANOAGEM CANANÉIA-SP A CAIOBÁ-PR

 
 
 
Era 25 de dezembro de 2003. Naquela noite de angustia e ao mesmo tempo alegria, misturadas com apreensão, estava no restaurante de meu amigo, jantando. Geralmente sempre estive junto a família nas noites de natal, então estava meio confuso.
Só não estava totalmente ruim, pois estavam comigo dois amigos de São Paulo, o Alexandre Stus e o Agnaldo. Iriamos remar juntos até Florianópolis, em Santa Catarina. Era uma distancia considerável, mas estava preparado fisicamente. Mentalmente não! Estava apreensivo também, porque estava pensando em meu filho Gabriel, de apenas três anos de idade que havia ficado em Indaiatuba. Naquele momento, para mim, ele era a coisa mais importante na minha vida. Só pensava nele, em todos o momentos. De certa forma, não completaria aquele longo percurso, pois fiquei com muita saudade dele e resolvi voltar de Caiobá, cinco dias depois de ter saído de Cananéia. Outro motivo foi o mau tempo que nos impedia de seguir viagem para o sul.
A primeira parada foi no Ariri. Passamos uma noite reconfortante o suficiente para seguirmos no segundo dia com mais determinação.
 
Remamos até a Ilha das Peças, já no estado do Paraná, ao lado da Ilha do Mel, ponto conhecidíssimo dos paranaenses. Estava exausto da remada. O corpo não se recuperou como deveria. Dormi mal. As cinco horas, ainda no escuro, ouvi ruídos dos meus amigos na barraca ao lado, se preparando para mais um dia de remada extenuante. O meu corpo pedia trégua. Por um instante achei que eles iam apenas fazer xixi, mas não era! Era mesmo hora de partir mesmo. Meu corpo não obedecia muito aos meus comandos. Resultado: demorei muito para arrumar tudo e os caras, já estavam, havia muito, prontos para partir. Quando saímos já era muito além da hora pré-estabelecida na noite anterior. Pintou no ar um clima muito ruim entre nós!
Só naquele momento pude entender o quanto já tinha lido sobre expedições solitárias ao redor do mundo. Neste momento você não tem que falar com ninguém e nem dar satisfações, pois as coisas se tornam a vontade daquele momento. Dentro do canal de Paranaguá, nos desviamos uns dos outros. Saímos cada um para um lado diferente sem nos comunicarmos. A remada estava por hora dividida, e assim foi até o final do dia. Conclui o percurso em 9:45 minutos. Quando cheguei a praia Brava, em Caiobá, ainda tive uma surpresa desagradável. Ao aproximar da areia, fui pego por uma sucessão de ondas desencontradas e saí rolando para fora do meu caiaque oceânico. Fui ajudado por dois bombeiros que me conduziram a terra firme.
Passei uma noite em um hotel para recuperar as forças. No dia seguinte, de manhã, o tempo estava virando rápido, me impedindo de prosseguir viagem. Ainda assim, fiquei mais um dia acampado a beira mar, mas foi inútil. No quarto dia, sem melhoras na condição do tempo, resolvi abandonar a expedição.
Voltei rapidinho a tempo de passar o ano novo com meu filho!