quarta-feira, 7 de agosto de 2013

CANOA HAVAIANA

Em 2007, influenciado pela canoagem, fui convidado a participar de uma equipe de Canoa Havaiana em Peruíbe, SP.
Sempre fui fascinado por embarcações, e, ao ver de perto uma canoa havaiana, fiquei extasiado em pensar que iria remar aquela embarcação que só via na TV, em programas gravados no Hawaii. Ela era denominada OC6, por comportar 6 remadores, sendo o primeiro e o quinto, que são responsáveis pela propulsão/força da competição na estreita canoa.
Como sou um pouco mais forte, o técnico Remo, isso mesmo, um alemão com este nome, criado em Peruíbe, me encarregou desta função. ele era o sexto remador: o leme/direção da canoa.
Com aproximadamente 15 metros e pesando 100 quilos, não é fácil fazer uma canoa dessas navegar no limite da competição, por isso, os remadores ensaiam, além das técnicas, muita coordenação, que vem através das vozes em coro sincronizado durante a remada. Tudo tem que sair no ritmo. É muito legal e muito cansativo também.

Eu ia com frequência a Peruíbe para treinar com a equipe. Eram treinos puxados, exaustivos. O nosso local de treinamento foi o Rio Guaraú, porta de entrada para a Jureia. Um lugar lindíssimo, com muita vida animal, plantas e aves marinhas. Tudo isso como pano de fundo, amenizava um pouquinho nossos esforços. Nossos planos era tentar competir de igual para igual com as melhores equipes brasileiras nos Jogos Abertos daquele ano em Praia Grande, litoral de São Paulo.
Estava vivendo canoagem dia e noite. Durante a semana, treinava com caiaque oceânico aqui em Indaiatuba e nos finais de semana viajava para Peruíbe. Era uma loucura, mas prazeroso ao mesmo tempo. É muito interessante quando se faz algo que vem da alma, do fundo do coração, tudo parece não haver dificuldade.
Embora estivesse treinando com afinco, não sabia e nem tinha noção de como seria aquela primeira competição, ainda mais quando se trata de uma equipe de 6 remadores. Cada um reage de uma maneira e portanto é uma soma de tudo isso que faz com que se tenha sucesso ou não.

Quando chegou o grande dia, havia ido um dia antes para Peruíbe. Acordei cedo. Embalamos tudo e fomos para Cubatão, onde seria a largada da prova. Para falar a verdade não tinha noção do que se tratava, nem liguei muito para a situação, mas meus companheiros sabiam o que nos esperava e estavam bastante tensos. Uma vez lá, já dentro da água para nosso aquecimento, a adrenalina começou a tomar conta do corpo gradativamente. Aí foi só se posicionar e ouvir o tiro de largada, o que aconteceu logo em seguida. Mas eu já estava no clima e não foi tão difícil assim suportar as primeiras remadas sucessivas que se seguiram. Depois que o corpo entra em sintonia com a remada, tudo flui normalmente. Estávamos na frente, ou melhor, entre as quatro primeiras canoas. O Remo no leme, tinha como estar cobrando dos remadores, pois esta posição permite um pouco menos de força e mais de governo da canoa. Eu, que estava logo a sua frente, é que tinha que ouvir os gritos de: "mais forte, vamos, mais forte porra!" , que no fundo é um grande incentivo. Chegamos na metade do percurso depois de 10 quilômetros extenuantes. Já havia uma canoa mais adiantada na nossa frente e entre nós, mais duas, com espaços mínimos. A canoa que vinha logo atrás, em quinto colocado, não conseguia se aproximar mais. Estávamos pelo menos garantidos em quarto lugar. De repente nossa canoa sofre uma guinada para estibordo e eu, que estava atrás, fui literalmente expulso da canoa. Só consegui ouvir o Remo gritando: "homem na água, freia!!" A canoa que estava logo atrás tentou se aproveitar da situação aumentando o que podiam o seu ritmo. Finalmente consegui, com a ajuda dos amigos, subir rapidamente e trabalhar ainda mais forte, como um cavalo, para tentar manter, pelo menos, o que vinhamos fazendo até então. A rapaziada da canoa atrás não acreditava na nossa rapidez, não deixando-os nem mesmo se aproximar da gente. Dali em diante, as canoas que estavam na frente, aumentaram ainda mais a distancia, deixando-nos definitivamente até a chegada, em 4° colocado. Ficamos todos tristes, pois nos jogos oficiais, somente as três primeiras equipes sobem ao podium. Valeu a experiência!!

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