quinta-feira, 1 de agosto de 2013

EXPEDIÇÃO DE CANOAGEM CANANÉIA-SP A CAIOBÁ-PR

 
 
 
Era 25 de dezembro de 2003. Naquela noite de angustia e ao mesmo tempo alegria, misturadas com apreensão, estava no restaurante de meu amigo, jantando. Geralmente sempre estive junto a família nas noites de natal, então estava meio confuso.
Só não estava totalmente ruim, pois estavam comigo dois amigos de São Paulo, o Alexandre Stus e o Agnaldo. Iriamos remar juntos até Florianópolis, em Santa Catarina. Era uma distancia considerável, mas estava preparado fisicamente. Mentalmente não! Estava apreensivo também, porque estava pensando em meu filho Gabriel, de apenas três anos de idade que havia ficado em Indaiatuba. Naquele momento, para mim, ele era a coisa mais importante na minha vida. Só pensava nele, em todos o momentos. De certa forma, não completaria aquele longo percurso, pois fiquei com muita saudade dele e resolvi voltar de Caiobá, cinco dias depois de ter saído de Cananéia. Outro motivo foi o mau tempo que nos impedia de seguir viagem para o sul.
A primeira parada foi no Ariri. Passamos uma noite reconfortante o suficiente para seguirmos no segundo dia com mais determinação.
 
Remamos até a Ilha das Peças, já no estado do Paraná, ao lado da Ilha do Mel, ponto conhecidíssimo dos paranaenses. Estava exausto da remada. O corpo não se recuperou como deveria. Dormi mal. As cinco horas, ainda no escuro, ouvi ruídos dos meus amigos na barraca ao lado, se preparando para mais um dia de remada extenuante. O meu corpo pedia trégua. Por um instante achei que eles iam apenas fazer xixi, mas não era! Era mesmo hora de partir mesmo. Meu corpo não obedecia muito aos meus comandos. Resultado: demorei muito para arrumar tudo e os caras, já estavam, havia muito, prontos para partir. Quando saímos já era muito além da hora pré-estabelecida na noite anterior. Pintou no ar um clima muito ruim entre nós!
Só naquele momento pude entender o quanto já tinha lido sobre expedições solitárias ao redor do mundo. Neste momento você não tem que falar com ninguém e nem dar satisfações, pois as coisas se tornam a vontade daquele momento. Dentro do canal de Paranaguá, nos desviamos uns dos outros. Saímos cada um para um lado diferente sem nos comunicarmos. A remada estava por hora dividida, e assim foi até o final do dia. Conclui o percurso em 9:45 minutos. Quando cheguei a praia Brava, em Caiobá, ainda tive uma surpresa desagradável. Ao aproximar da areia, fui pego por uma sucessão de ondas desencontradas e saí rolando para fora do meu caiaque oceânico. Fui ajudado por dois bombeiros que me conduziram a terra firme.
Passei uma noite em um hotel para recuperar as forças. No dia seguinte, de manhã, o tempo estava virando rápido, me impedindo de prosseguir viagem. Ainda assim, fiquei mais um dia acampado a beira mar, mas foi inútil. No quarto dia, sem melhoras na condição do tempo, resolvi abandonar a expedição.
Voltei rapidinho a tempo de passar o ano novo com meu filho!
 
 

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